Mostra de Antropologia e Cinema da APA 2025

Congresso Itinerâncias


O IX Congresso da Associação Portuguesa de Antropologia, Itinerâncias, acolhe mais uma vez a Mostra de Antropologia e Cinema, uma iniciativa que procura, desde a sua primeira edição, abrir o debate a formas e narrativas que contribuam para solidificar a relação entre a prática cinematográfica e as discussões teóricas da disciplina.

A edição deste ano apresenta um programa dividido em três sessões nos dias 15, 16, e 17 de julho, que decorre integrado no programa científico. Pretendemos, nestas sessões, ver e discutir em conjunto trabalho cinematográfico desenvolvido em Portugal que possa ser colocado em diálogo com a Antropologia, mostrando e pensando sobre distintas formas de fazer etnografía.

Na primeira sessão, convidamos a Ao Norte, Associação de Produção e Animação Audiovisual, com sede em Viana do Castelo, para mostrar e discutir o trabalho que este colectivo tem realizado desde 1994 nas áreas da divulgação de cinema, produção de documentários e formação. Na segunda e terceira sessões convidamos ao visionamento de duas longas metragens de autor que oferecem distintos olhares e formas de fazer, aliadas cada qual a uma sensibilidade etnográfica e uma curiosidade que acreditamos ser, intuitivamente, antropológica. Estes filmes vão-nos permitir pensar em conjunto sobre o que é hoje, afinal, o filme etnográfico, o gesto etnográfico, e o cinema para a antropologia?

Inês Ponte, Amaya Sumpsi e Teresa Fradique, curadoras da edição.

Sessão de filmes AO NORTE. Comentadores convidados: Humberto Martins (UTAD) e Catarina Alves Costa (FCSH/Universidade Nova de Lisboa)

📍 Auditório Francisco Sampaio, ESTG-IPVC (Avenida do Atlântico, n.º 644 4900-348 Viana do Castelo)

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A Mestra, Silvana Torricella, 2024, 17min

  1. Eudósia, jovem professora espanhola, foge da guerra civil e encontra refúgio na vila de Castro Laboreiro. Entre Espanha, Portugal, Marrocos e França, Eudósia atravessa fronteiras, traçando um legado de resiliência e liberdade. Narrada pelos seus filhos, Paul e Yvonne, esta história percorre as linhas divisórias que marcam pontos de conflito e de encontro entre gerações e culturas. Resultado do MDOC - Plano Frontal.

O Fole, Carlos Eduardo Viana, 2006, 32 min 

  1. O fole, outrora comum no quotidiano rural de São Lourenço da Montaria, é hoje quase desconhecido. Servia para transportar cereal entre a casa e o moinho, indo com grão e regressando como farinha. Em dias festivos, em que o cabrito entrava nas ementas melhoradas, o abate era feito com cuidados especiais para que a pele pudesse ser tratada e usada como saco. O fole era parte de uma economia rural de autossuficiência, com reduzida dependência de bens externos. A aquisição de um fole para o Museu do Traje de Viana do Castelo, no contexto da investigação sobre os moinhos da Montaria, motivou o registo do processo - com saberes e gestos específicos - tantas vezes repetido ao longo do tempo, mas hoje em risco de desaparecer. Produção Ao Norte.

Casamento - por Virgínia Vitorino/Fotografia Falada, Miguel Arieira, 2024, 12 min 

  1. Virgínia Vitorino relembra, 60 anos depois, o seu casamento em 1965, a partir de uma fotografia retratando esse dia. Fotografia Falada é um projeto de salvaguarda da memória e do património imaterial. Regista em vídeo um depoimento e tem como ponto de partida uma fotografia comentada pela pessoa nela retratada. Pede-se que comente a fotografia e fale da época e do contexto familiar e socioeconómico em que foi tirada.

A Savana e a Montanha, 2024, 77 min, Paulo Carneiro

📍 Auditório Prof. Lima de Carvalho - IPVC (Praça Gen. Barbosa, 4900-347 Viana do Castelo)

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  1. A Savana e a Montanha fala-nos sobre a comunidade de Covas do Barroso, no norte de Portugal, ao descobrir que a empresa britânica Savannah Resources planeia construir a maior mina de lítio a céu aberto da Europa a poucos metros das suas casas. Diante dessa ameaça iminente, o Povo decide organizar-se para expulsar a empresa das suas terras.

Legendas em inglês.
Com a presença de Elizabete Pires e Lúcia Pires, atrizes do filme e moradoras em Covas do Barroso
Comentadores convidados: Rui Sá (ISCSP-ULisboa), 
Ana Margarida Guerra (APA), Diogo Sobral (CRIA)

A Morte de Uma Cidade, 2022, 116 min, João Rosas

📍Auditório Francisco Sampaio, ESTG-IPVC (Avenida do Atlântico, n.º 644 4900-348 Viana do Castelo)

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  1. No coração do Bairro Alto, no centro de Lisboa, o edifício de uma antiga tipografia é demolido para dar lugar a apartamentos de luxo. É uma imagem perfeita da morte de uma certa Lisboa no rescaldo da crise financeira e do crescimento imobiliário e turístico exponencial que se lhe seguiu. Este diário urbano que retrata o quotidiano do estaleiro de obras e os que aí trabalham acaba por ser a história da relação do realizador com a sua terra natal e com as pessoas que a construíram.

Legendas em inglês.
Comentadores convidados: Catarina Sampaio (ICS-ULisboa), Ana Rita Alves (CeiED - U. Lusófona e CES - U. Coimbra)


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